Postado em 07 de Março de 2020 às 19h03

Inspire-se! Dona Iracema, Mulher, batalhadora, que não desiste e luta por um mundo melhor

       Sorriso contagiante no rosto, energia positiva, força de vontade, coragem e empoderamento. Assim se define, Iracema Eles Padilha, mulher chapecoense, com uma trajetória bonita, sinônimo da força feminina, pobre e que se opõe às desigualdades. 

       Dona Iracema, irradia felicidade, é um grande e extraordinário exemplo de superação. Ainda quando pequena, enfrentou inúmeras dificuldades por ser de família humilde do Rio Grande do Sul e que veio para Santa Catarina, em busca de uma vida melhor. 

       Ao ser mãe de quatro filhos, sem o marido, viu de perto o que é de mais injusto para o ser humano, a fome. Era uma opção, ela se alimentava ou os seus filhos.

"Eu sofri, morei em casa de chão batido com folha de taquara. Para poder ter meus filhos, comendo o que tinha, às vezes não comia para dar para eles. Eu já passei fome. Quando a situação melhorava, conseguia cozinhar canjica e separar o caldo para colocar na mamadeira das crianças."

       Durante esta desafiante caminhada, Dona Iracema se construiu como uma mãe batalhadora, que incentivou os filhos a estudarem, mesmo não sabendo ler, nem escrever. A sua assinatura e compromisso, vem das digitais do dedão, e do seu abraço a aperto de mão.

"Eu não tenho estudo nenhum, só no dedão, mas eu vou em frente". 

       Sentada em uma cadeira de balanço, ao lado da mesa de artesanato, na varanda da sua casa de madeira azul, que está localizada em área irregular, chamada informalmente de Chácara da Mepar, região do bairro Eldorado, em Chapecó, Dona Iracema relata a situação complexa que envolve 19 famílias em situação precária de saneamento básico e condições dignas de moradia. Um relato emocionado, carregado de sofrimento e angústias. 

       As situações de extremo sofrimento nesta realidade são muitas. A precariedade segue em passos largos. As terras por ali, foram compradas através de um falso dono, que vendeu lotes como se ele fosse o verdadeiro proprietário.

       São terrenos sem escritura, mas, que abriga crianças, jovens, adultos e idosos. Pessoas que não tem outro espaço para chamar de seu. Ali é o seu lar. 

       No ano de 2018, com a "cara e a coragem", Iracema, buscou por informações na Prefeitura e encaminhou a situação para a Defensoria Pública. O objetivo é uma ação de usucapião coletiva. E, assim, mais uma vez, cumpriu seu papel social e político de liderança. 

       Essa atuação não se dá, apenas nos dias de hoje, vem de muito tempo atrás, é um reinvindicação antiga, coletiva e liderada por Dona Iracema.

"Eu não vim aqui pedir água só para mim, quero água para os meus vizinhos também",

       essa é fala que ela faz para buscar um elemento único e básico do ser humano, que é água. Um componente que a natureza no presenteia, mas que é vetada de uma parcela da população que não pode pagar.

       A luz e a água só chegaram na sua comunidade, por meio de muita luta, visitas em órgãos públicos, enfrentamentos e coragem. 

       E, se muitos não podem pagar sozinhos, o melhor caminho é a unidade, o coletivo:

"às vezes estava eu lá, 10 horas da noite batendo nas portas pedindo dinheiro para pagar a água. Mas eu fui, não tinha e não tenho vergonha."

       A região aonde Dona Iracema e seus vizinhos moram fica muito próxima do Shopping, esse contraste entre lojas de roupas, fast foods, e o povo que não tem água e luz, é bastante preocupante. 

       A reivindicação é um caminho árduo para ser seguido, mas de cabeça erguida e em frente, sempre, Dona Iracema, se considera uma mulher corajosa. Ainda na ativa com 68 anos, atualmente é faxineira, vai de um lado para o outro de moto táxi, é dona de si, mas sempre pensa com carinho no outro.

"Eu desde nova, quando fiquei sozinha com meus 4 filhos, nunca ganhei pensão. Sempre pensei nos meus filhos, mas também nos meus vizinhos e em toda pessoa que precisa de ajuda. A gente precisa ser corajosa, tem que ter coragem para enfrentar."

       A independência, algo tanto comentando por ela, vem desde muito cedo. Hoje, não quer dividir casa com ninguém, não quer um marido e muito menos cobrança. Dona Iracema é protagonista de sua vida, cria a sua própria narrativa, e amparada na sua fé, está sempre em oração. Uma mulher especial, que não desiste fácil e luta por seus objetivos.

       Em seu rosto, está estampado as marcas das vivências e experiências enfrentadas por ela. Nas mãos, a força e delicadeza de uma mulher de fibra, livre e atuante. 

"É assim a vida da gente, não sou branca, mas sou franca, como dizia minha mãe. Só fico um pouco triste, por não ter estudo nenhum, mas eu gostaria de um dia saber ao mesmo escrever meu nome. Eu só sei trabalhar. Mas eu sou feliz!"

       Com esse espírito, essa história, e muitas que virão, Dona Iracema torna-se uma marca registrada deste município. Ela representa o comportamento guerreiro, os valores e a visão de mundo sob a ótica do povo humilde, trabalhador e, principalmente, das mulheres. Ela segue lutando por um mundo melhor, segue firme, potente, inspirando. 

       Não tem como falar de Dona Iracema, sem falar de sua luta. Uma combinação perfeita. Seu nome, tem a origem Guarani e a simbologia do mel. Justo, uma doce mulher, que é forte, inspiração, é luz. 

Aproveite e inspire-se!



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