Postado em 12 de Abril de 2020 às 10h16

Inspire-se em Ediliz da Silva, a técnica em enfermagem que é sinônimo de amor pela profissão

Cleiton Fossá        Uma vida vestida de branco, com luvas, máscara e cercada de bebês. A Fraiburgense, Ediliz da Silva, que vive em Chapecó, há mais de 30 anos, resume assim, a sua...

       Uma vida vestida de branco, com luvas, máscara e cercada de bebês. A Fraiburgense, Ediliz da Silva, que vive em Chapecó, há mais de 30 anos, resume assim, a sua trajetória de mais de 27 anos como profissional da saúde.

       Uma caminhada de emoções, sorrisos, abraços, recomeços e partidas. Entre as quatro paredes do hospital, nas suas 12 horas de trabalho, Ediliz é mãe “emprestada” de muito bebês. Alguns entre a vida e a morte ou lutando pelo seu crescimento.

       Já do lado de fora, é conselheira de papais e mamães de primeira viagem, ou apenas ouvinte e na escuta das lamentações e preocupações dos entes queridos, que estão na espera de boas notícias. Mas, nem sempre elas vêm. É uma dualidade, o sim e o não existe. É preciso aproveitar esse meio tempo.

       “Eu cuido muito das mães, conto para elas como está o filho delas. Incentivo a permanecerem no hospital, e se puderem amamentar, tirar o leite, dar leite fresco. Incentivo a tocar no bebê, sempre com cuidado. Aos papais também, todo apoio e incentivo”.

       Irmã de mais nove mulheres, quando criança, sempre esteve cercada por cuidados e amor. Na adolescência, precisou fazer uma cirurgia de emergência e foi ali que soube, que descobriu e se decidiu: serei técnica em enfermagem. “Eu nunca pensei em ser médica, sempre pensei em ser enfermeira”. A decisão é pautada pelo belo exemplo que tinha em casa, do respeito, cuidado e amor. “Eu gosto dessa coisa do contato, do amor pelas pessoas. Eu trato as pessoas como gosto que me tratem”.

       Além dos relatos de jornadas exaustivas, dos riscos naturais de infecção e da pressão psicológica que sofre diariamente, Ediliz, comenta que no começo da profissão nem sempre é fácil, tudo está misturado. Um emaranhado entre vida pessoal e profissional. Esse mix, reflete diretamente na emoções e sentimentos. No trabalho, os bebês lutando pela vida, em casa, uma bebezinha chamada Alexsandra, que sentia falta da mãe, que a deixava em casa, com o pai ou uma tia.

       Alexsandra hoje, é uma moça crescida, bonita, e tem 29 anos. Ao falar da mãe, deixa as lágrimas escorrer no rosto. É emoção, respeito e orgulho pela mãe que esteve mais ausente que presente, mas que nem por isso, deixou de amá-la e se preocupar. “Eu fico emocionada só de falar. Tenho muito orgulho da minha mãe, o trabalho que ela faz é com amor. E se eu tivesse que me inspirar em uma pessoa, com certeza seria a minha mãe”.

       Esse cuidado de Ediliz por sua filha segue até hoje, mesmo sendo uma moça crescida, independente e já graduada em estética. Aliás, esse cuidado está redobrado, afinal, a pandemia do Coronavírus alterou a realidade de muitas famílias, inclusive a de Ediliz, composta por ela, sua filha e seu esposo, José, que trabalha com montagem e manutenção elétrica.

       Com o isolamento social decretado, Alexsandra não precisa ir ao trabalho. José, por sua vez, está em viagem, há mais de 15 dias. E a Ediliz, bom, a sua atuação é muito mais que necessária, é importante, estratégica, salva vidas e garante que os pequeninos pacientes permanecem bem, saudáveis e cheios de luz.

       Entretanto, no dia a dia, não basta lavar às mãos, é preciso ir além, redobrar os cuidados e proteger quem ama. Sim, proteger quem ama, afinal a própria Ediliz comenta e reforça: os meus bebês. “Eu trabalho à noite, quando eu chego no hospital, eu vou até o meu setor, troco de roupa e esterilizo às mãos. E cada vez que eu saio lá fora, eu uso álcool 70%, assim como quando eu volto para o meu setor”.

       A situação de preocupação e cuidado é algo natural para os profissionais da saúde. A sua atuação deve sempre ser pautada em defesa da vida, amor ao próximo e respeito aos menos favorecidos. Ediliz, exemplifica que na época da gripe H1N1 também foi assustador, mas nem perto do que vivenciamos hoje, com a Covid-19.

       O zelo pela higiene, se estende para muito além dos espaços do hospital. O cuidado é em casa, nas ações corriqueiras, no afastamento fraternal com a filha e a limpeza constante com produtos como água e sabão, água sanitária e álcool 70%. “Saindo do hospital, eu tiro a roupa de trabalho e passo a utilizar a minha. Ao chegar em casa, deixo o calçado lá fora, levo a roupa até a lavanderia e deixo de molho. Vou para o banho direto, e depois passo pelos espaços que eu caminhei ou encostei limpando, e só depois disso, eu me sinto tranquila para tomar café da manhã. Cada um no seu canto, sem abraços ou beijos”.

       A palavra cuidado, tem-se tornado repetitiva. Mas não há como deixá-la de lado, ao falar de uma profissional da saúde que ao longo da sua carreira construiu uma história bonita, respeitosa e de muita alegria. Ediliz, que tem os cabelos loiros e um sorriso contagiante sempre foi muito cuidadosa com seus pacientes. Resultado disso, está no apadrinhamento dos inúmeros bebês que passaram pelo seu setor. “Sou madrinha de muitas crianças, dinda dos bebês que eu cuido. Eu batizei duas gêmeas em Dionísio Cerqueira e outras em Xaxim”.

      No começo, Ediliz não concordava e gostava da ideia, mas hoje, reconhece que se é escolhida pelos pais é porque para eles é muito importante a sua atuação como madrinha. Tempo para visitar os afilhados ela não tem, mas sempre que pode ajudar de alguma maneira, ajuda, seja com fraldas, alimentos ou conselhos. “Eu faço o que eu posso para ajudar, queria ter condição financeira para ajudar mais”.

       A má condição financeira, descrita pela técnica em enfermagem é em vista da desvalorização dos profissionais da saúde, sucateamento do sistema público de saúde brasileiro e a descrença da população em relação à ciência. Edilíz é muito religiosa, sempre que pode está em oração, mas também destina a sua crença aos métodos avançados das tecnologias e da medicina. Tanto que neste ano, ao encaminhar a sua aposentadoria, resolveu cursar um vestibular. Foi em busca de ocupação para a sua vida de aposentada, que Ediliz traçou um novo rumo.

       Sentada na sala de aula durante todo o dia, em meio a estudantes de diferentes idades, busca na teoria aprender e se aperfeiçoar. Na graduação de Enfermagem na universidade estadual, se sente desafiada. “Às vezes acham que pela minha experiência é fácil fazer faculdade, mas não é. Eu tenho prática, agora preciso aprender a parte teórica”.

       E na busca por conhecimento, no convívio universitário, há situações engraçadas e muitas outras naturais. O espírito de mãe acolhedora, a segue por todos os lados. “Eu sou a mais velha da turma, mas também tem outras pessoas com outras idades. Os mais velhos ajudam os mais novos, e assim por diante. Eu acho que tinha sempre a galerinha que vinha pro meu lado precisando de um abraço de mãe”.

       Esse abraço de mãe, é sinal de discórdia entre Ediliz e Alexsandra. A filha, sente ciúmes de dividir a mãe com outras pessoas, mas ao longo da vida aprendeu que a sua mãe é sinal de amor, por onde passa. Esse amor é estampado em sua história, nas trocas de mensagens, no hospital, na sala de aula e no seu sorriso.

       Alexsandra é uma enorme incentivadora para a mãe estudar, mas sempre com um pé atrás devido a esse ritmo intenso que a mãe leva de técnica em enfermagem e universitária. “Quando ela resolveu fazer faculdade, fiquei bastante assustada. Mas porque ela trabalha à noite e passa o dia todo na faculdade. Eu temia muito pela saúde, porque ela não relatou, mas tem muitos problemas de saúde. Ela sente muita dor”.

       As dores que a filha entregou, é da rotina puxada e exaustiva que Ediliz leva. Em pé quase toda à noite e movimentando bastante as mãos, sente muitas dores nessas regiões. Mas, de cabeça erguida e plena, segue em frente. E a filha, diz: “Se é o teu sonho ser enfermeira, vá e faça. Porque não importa o tempo que vai demorar para se formar, mas nós vamos fazer uma festona de formatura”.

       A história de Ediliz ainda está em construção. Uma mulher ativa, preocupada com o próximo, responsável e prestativa. Ao relatar a sua história, muitas vezes se emocionou, e entre tantas angústias que permeiam essa profissional, a falta de humanidade que o mundo apresenta, se sobressai. Técnica em Enfermagem desde nova, não sabe fazer outra coisa a não ser cuidar do outro. Esse cuidado é visível desde o momento que você a conhece, ou quando chega na sua casa azul, com flores no quintal, uma organização impecável e em tempos de Coronavírus, com toda higiene necessária. Ediliz é assim, exemplo de mulher, mãe e profissional. Ediliz é inspiração, sinônimo de cuidado, amor e empatia. Que saibamos aprender com ela.

Inspire-se em Ediliz!

 

 

 

Na foto, Ediliz e sua filha Alexsandra Cardozo.
Assessoria de Comunicação Vereador Cleiton Fossá

  • Cleiton Fossá -

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